23.9.05

Mudando de palavras e reflexões

Nós, seres modernos ou pós modernos!

A incerteza parece ser a herança do homem moderno e apesar de falarmos tanto em individualidade, em sujeitos atores de sua vida, o que nos parece é que o indivíduo na sociedade de hoje apresenta-se menos individual que nunca.
De acordo com Boaventura Sousa Santos, a vida íntima nunca foi tão pública, a vida sexual nunca foi tão codificada, a liberdade de expressão nunca foi tão inaudível e tão sujeita a critérios de correção política, sua liberdade de escolha nunca foi tão derivada das escolhas feitas por outros antes dele.

Ao mesmo tempo o futuro nunca esteve tanto em nossas mãos, mas as nossas mãos nunca foram tão ignorantes sobre se afagam uma pomba ou uma bomba.

Precisamos das utopias como a água para o corpo.
Porém é preciso que nos lembremos que nas utopias só se vê por onde se caminha e não para onde se caminha!
Vivendo de incertezas!

21.9.05

Referendo Desarmamento- Inquietações- Parte III

Continuando a pesquisar


Estatística de Homicídios por País
Consulte tabela aqui!

O nosso problema não é com as armas legais e sim com as ilegais, com as contrabandeadas, que não entrarão no desarmamento. O nosso problema é conjuntural, é cultural. Será apenas mais uma lei a ser desrespeitada pelos bandidos e mais uma lei que o poder público não dará conta de fazer cumprir. Se hoje a polícia não consegue nos proteger, imagine com o bandido tendo a certeza que não encontrará resistência pela frente. ACIDENTES SÃO PASSÍVEIS DE PREVENÇÃO, BANDIDO NÃO. Ainda mais hoje em que eles não estão respeitando mais horário, local, mais nada, muito menos a polícia. VÃO DESARMAR PESSOAS DE BEM, NÃO O BANDIDO. REFLITA BASTANTE PARA O REFERENDO EM OUTUBRO. Fonte: LINK
Opiniões recolhidas da net:
"A defesa da vida é parte dos direitos constitucionais do povo brasileiro. Esse direito é a premissa maior que respalda o direito de legítima defesa, previsto no Código Penal em pelo menos dois de seus artigos. Além disso, o comércio legal de armas e munições é rigorosamente fiscalizado pelo Estado, pela Polícia Federal e pelo Exército Brasileiro. Cada uma das apenas mil lojas que existem em todo o país, autorizadas a comercializar legalmente armas e munições, possui um certificado de registro que é periodicamente renovado. Essas lojas sofrem controles de estoque mês a mês e seus clientes necessitam apresentar toda a sorte de documentos para que possam efetuar a compra e a venda de armas de fogo."
"A criminalidade que enche de medo as mães e os pais quando os filhos adolescentes saem com os amigos; a opressão que é fechar as portas e as janelas das casas todos os dias à noite e tê-las cobertas com grades e cadeados, as casas com cercas elétricas como expressão maior da impotência do cidadão, a vitrine dos carros blindados e dos seguranças armados para proteger celebridades, o olhar de pavor e insegurança nos caixas eletrônicos quando o idoso quer retirar dinheiro da pensão do INSS, o desespero das famílias quando jovens e crianças são mortos por balas perdidas, a dor de ver o filho adolescente assassinado por briga de gangues, de quadrilha ou por envolvimento com o tráfico de drogas NÃO, não será eliminada, resolvida, equacionada ou diminuída com a proibição do comércio legal de armas e munições."
"A solução para uma segurança pública eficiente e eficaz é um trabalho de longo prazo com base numa Política Nacional de Segurança Pública que inclua medidas para reduzir a impunidade e melhor aparelhar as polícias. Medidas de assistência social e de lazer como opção para jovens da periferia, oportunidades de educação para todos, fomento ao emprego e redução da discrepância entre ricos e pobres, entre os que têm muito e os que têm pouco e estão oprimidos, desassistidos, abandonados."
Ainda indecisa!

20.9.05

Referendo Desarmamento- Inquietações- Parte II

Estatuto do Desarmamento

Que requisitos são necessários para o cidadão registrar uma arma de fogo?

A nova lei determina que o interessado em manter uma arma de fogo em seu domicílio deverá declarar sua efetiva necessidade, apresentar certidões de antecedentes criminais, não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, apresentar documento que comprove sua ocupação lícita e residência certa e comprovar sua capacidade técnica e aptidão psicológica para manuseio de arma. Apenas após a apresentação de todos esses requisitos, o interessado em comprar uma arma de fogo receberá do SINARM uma autorização para a compra. Tais medidas visam restringir a emissão de registro de arma apenas àqueles que apresentam todas as condições para manter uma arma sob sua responsabilidade em sua residência.
O que acontece com quem for pego armado sem o porte?
Será preso. O porte ilegal é crime inafiançável. Só pagará fiança quem for pego portando arma de fogo de uso permitido e esta estar registrada em seu nome. Se o porte ilegal de arma for de uso restrito, além de ser crime inafiançável, o réu não terá direito à liberdade provisória. O mesmo tratamento terá quem praticar o comércio ilegal e o tráfico internacional de arma de fogo.
PERGUNTAS QUE COMEÇO A FAZER:
Qual a necessidade da realização de um "referendo" sobre a proibição ou não da venda de armas quando, na prática, isso já está proibido pela Lei 10.826/03 ?(Citada no post anterior)
O governo vai desarmar os traficantes e quadrilhas cujos tiroteios fazem tantas vítimas, inclusive por balas perdidas?
Nos 37 artigos distribuídos por seus seis capítulos a Lei 10.826 define tudo sobre a posse, o porte de armas de fogo no Brasil. Desce a detalhes desde a idade mínima para um cidadão comprar uma arma, passando pela marcação dos cartuchos, até a proibição da fabricação ou importação de réplicas de armas de fogo (Artigo 26, Cap. V). Está tudo ali, tudo o que é essencial, menos a comercialização, que deve ser aprovada pela população.
Ora, se é tão controlado e díficil, segundo o Estatuto, registrar e tirar porte de armas, para que o referendo quanto à comercialização?
Se a comercialização for proibida aqui, quem desejar realmente possuir uma arma terá muitas opções: a) Ir até a Pedro Juan Cabalero, Paraguai, e comprar munição à vontade, já que no país vizinho não existe nenhuma restrição à compra de armas e munições, nem se pede nenhum documento para tal. b) Aproveitar uma viagem a Buenos Aires e fazer o mesmo. Na Argentina o comércio de armas e munição é livre. c) Procurar qualquer vendedor clandestino de munição - este é um “negócio” que com toda certeza vai prosperar - e comprar munição à vontade. (Fonte: Peter Hof em 18 de agosto de 2005).
A verdadeira raíz do problema está sendo atacada com essa proibição, caso o referendo seja a favor da mesma?
O Estatuto criou tantas barreiras à posse de armas que a questão de comercializar ou não armas de fogo, não tem o menor significado prático. A Taurus, segundo o jornal O Dia de 28/06/05 vendeu, em 2005, no mercado interno, apenas 360 armas. Isso equivale a ter vendido um (1) arma por dia em todo o Brasil! E a criminalidade diminuiu?
Não tenho armas e nem pretendo comprar!
Bem, paro por aqui, para continuar a pesquisar.
Ainda indecisa!

Referendo - Desarmamento: inquietações- Parte 1

Postando novamente. Post que será dividido em partes pelo seu tamanho, expressando em palavras, dúvidas e incertezas. Quem sabem possam ajudar-me a encontrar o caminho com argumentos consistentes.
Há alguns meses atrás eu tinha uma posição consolidada em relação ao plebicisto sobre a proibição da venda de armas.
No dia de hoje, estou em dúvidas e procurando informar-me cada vez mais, já que ainda há tempo.
As dúvidas começaram a surgir a partir do momento em que procurei conhecer o Estatuto do Desarmamento e, foi a partir dele, que os questionamentos se fizeram cada vez mais presentes.
Para melhor elucidar o porquê de minhas dúvidas, vou colocar o Estatuto aqui.

Estatuto do Desarmamento

A Lei 10.826, de 22 de dezembro de 2003, conhecida como Estatuto do Desarmamento, entrou em vigor no dia seguinte à sanção do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, quando foi publicada no Diário Oficial da União. Portanto, começou a vigorar no dia 23 de dezembro de 2003.
O decreto que a regulamentou,
nº 5.123 de 01/07/2004, foi publicado no Diário Oficial da União no dia 02 de julho de 2004, começando a vigorar naquela data.
Em regra, a lei proíbe o porte de armas por civis, com exceção para casos onde há ameaça à vida da pessoa;
O porte de arma terá duração previamente determinada, estará sujeita à demonstração de efetiva necessidade, a requisitos para a obtenção de registro;
O porte poderá ser cassado a qualquer tempo, principalmente se o portador for abordado com sua arma em estado de embriaguez ou sob efeito de drogas ou medicamentos que provoquem alteração do desempenho intelectual ou motor;
As taxas cobradas para a emissão de autorização para porte e registro de armas de fogo foram aumentadas, de maneira a dissuadir o pedido de novas permissões. Para novo registro, renovação ou segunda via, a taxa é de R$ 300. Para a expedição de porte, renovação ou segunda via do mesmo, a taxa é de R$ 1 mil.
Em outubro de 2005, o governo promoverá um referendo popular para saber se a população concorda com a proibição da venda de arma de fogo e munição em todo o território nacional. Em caso de aprovação, a medida entrará em vigor na data de publicação do resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Somente poderão andar armados os responsáveis pela garantia da segurança pública, integrantes das Forças Armadas, policiais, agentes de inteligência e agentes de segurança privada. E civis com porte concedido pela Polícia Federal.
Somente maiores de 25 anos poderão comprar arma de fogo. As pesquisas sobre vitimização na sociedade brasileira revelam que o número esmagador de perpetradores e vítimas de mortes ocorridas com o uso de arma de fogo é formado por homens jovens entre 17 e 24 anos. Em razão desta constatação empírica, a idade mínima para se adquirir e portar arma de fogo foi elevada de 21 para 25 anos.
(continua)....

Nova Orleans


Não vou falar sobre a tragédia que em que a cidade submergiu. Televisão, jornais e revistas já escreveram bastante.
Prefiro perguntar: Onde está Lestat?
Há muitos anos leio livros que se passam em Nova Orleans e, ultimamente, tenho lido os de Anne Rice em que o "lar" ancestral de seus vampiros e bruxas é Nova Orleans. Principalmente Lestat, seu herói vampiresco mais famoso, acaba sempre voltando para sua casa escondida sob a luxuriante vegetação da cidade velha.
Será que Lestat estava em um de seus sonos profundos? Acordará ele para ver a destruição de sua cidade predileta? Ele não se preocupa com as pessoas, mas, ama a cidade, pois a viu crescer, ainda que tivesse se "alimentado" de muitos de seus habitantes. Há tantas referencias em tantos livros e músicas sobre a Bourbon Street que ela parece mais próxima de mim do que algumas ruas de Sampa nas quais nunca estive e nunca ouvi falar. Anne Rice poderia escrever alguma coisa sobre a reação de seus heróis, vampiros ou bruxas, sobre a atual situação da cidade.
Um cantor e compositor que aprecio muito, Sting, estava lendo um livro de Anne Rice, creio que o Vampiro Lestat, e interessou-se particularmente pelo personagem Louis, transformado em vampiro por Lestat à força e, que nos livros, sempre manteve alguma coisa de humanidade, escreveu esta musica, Moon Over Bourbon Street, a qual canta em estilo que lembra o berço do jazz:

" There's a moon over Bourbon Street tonight
I see faces as they pass beneath the pale lamplight
I've no choice but to follow that call
The bright lights, the people, and the moon and all
I pray everyday to be strong
For I know what I do must be wrong
Oh you'll never see my shade or hear the sound of my feet
While there's a moon over Bourbon Street
It was many years ago that I became what I am
I was trapped in this life like an innocent lamb
Now I can never show my face at noon
And you'll only see me walking by the light of the moon
The brim of my hat hides the eye of a beast
I've the face of a sinner but the hands of a priest
Oh you'll never see my shade or hear the sound of my feet
While there's a moon over Bourbon Street
She walks everyday through the streets of New Orleans
She's innocent and young from a family of means
I have stood many times outside her window at night
To struggle with my instinct in the pale moonlight
How could I be this way when I pray to God above
I must love what I destroy and destroy the thing I love
Oh you'll never see my shade or hear the sound of my feet
While there's a moon over Bourbon Street."
Ouvindo Sting!

19.9.05

O Efeito Zapping

O zapping é a mania do telespectador mudar de canal, a qualquer pretexto, na menor queda de ritmo ou de interesse do programa e, sobretudo quando entram os comerciais.
Depois do aparecimento do controle remoto esse costume proliferou intensamente e aumentou também a inserção de comerciais nos programas sob a forma de merchandising, inovando-se a técnica do anúncio publicitário.
O telespectador zapa tudo e a qualquer pretexto, não mais assiste a programas inteiros, nem acompanha mais histórias completas. Ele salta continuamente, em pouco tempo ele aprende a assistir qualquer coisa por amostragem.
Certamente já se zapava antes do controle remoto e da televisão. O leitor de livro sempre zapou secretamente. Machado de Assis sugeria isso a seus leitores e quem viaja de automóvel zapa o auto-rádio o tempo todo.
Mas nunca se zapou tanto como na era da televisão. O zapping é a resposta mais simples à tirania dos índices de audiência.
Já não aconteceu a todo mundo varrer todos os canais de televisão, num determinado horário, e encontrar em todos eles um telejornal, repetindo todos a mesma notícia, sob o mesmo e único enfoque, ilustrado com as mesmas imagens obtidas da mesma agência noticiosa? Assim, o prazer perverso de uma desregulagem da máquina produtiva da televisão pode resultar, pura e simplesmente, na mesma apatia indiferenciada da recepção passiva, ou na frustração diante do determinismo estrutural do dispositivo simbólico.
O zapping tem contribuído para produzir uma mutação nas maneiras como vemos a televisão e nos relacionados com ela.
Uma outra mutação, porém, mais sutil mas não menos avassaladora, dá-se na própria produção de mensagens midiáticas: uma vez que agora todos zapam e zipam em todos os níveis e a todos os pretextos, uma vez que a televisão criou espectador diferente, que mantém com as imagens e sons uma relação fundamental de impaciência e de evasão, o efeito zapping acaba por contaminar as mensagens ao nível da própria produção e vira modelo de construção.
O cinema e a televisão deverão aprender a contar outro tipo de história que leve em conta a impaciência preponderante do espectador.
A curiosidade me apareceu agora. Há quanto tempo existe a palavra zapping? O que dizem os dicionários? Será que o sinônimo é troca rápida de canais? Quantos brasileiros sabem o que ela significa? Praticam o ato mas sabem seu nome? Nem sempre as palavras são necessárias! Vou procurar.....

10.9.05

Palavras de Quintana

Estava lendo e resolvi postar. Mário Quintana usa as palavras tão bem que desperta emoções profundas em almas abertas para elas!

DAS UTOPIAS
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!
Mario Quintana - Espelho Mágico
DA OBSERVAÇÃO
Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...
Mario Quintana - Espelho Mágico
DOS MUNDOS
Deus criou este mundo.
O homem, todavia,
Entrou a desconfiar, cogitabundo...
Decerto não gostou lá muito do que via...
E foi logo inventando o outro mundo.

Mario Quintana - Espelho Mágico

9.9.05

Gaiolas e Asas

Novamente transcrevo palavras de Ruben Alves. Sempre há beleza nelas, sempre nos fazem pensar além delas!





Gaiolas e Asas
Aforismos são visões: fazem ver, sem explicar.Pois ontem, de repente, esse aforimo me atacou:Ha escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas.Escolas que são gaiolas existem para os pássaros desaprendam a arte do vôo.Pássaros engaiolados são pássaros sob controle.Engaiolados, seu dono pode levá-los para onde quiser.Pássaros engaiolados sempre têm um dono.Deixam de ser pássaros.Porque a essência dos pássaros é o vôo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados.O que elas amam são os pássaros em vôo.Existem para dar aos pássaros coragem para voar.Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer,porque o vôo já nasce dentro dos pássaros.O vôo não pode ser ensinado.Só pode ser encorajado."

8.9.05

O Tempo de Compreender

Palavras de Pierre Bourdieu, que nos dizem muito sobre nossa sociedade e um dos aspectos da relação escolar com ela:

"Entre os efeitos do processo de inflação de títulos escolares e da desvalorização correlativa que, pouco a pouco, obriga todas a classes e frações de classe_ a começar pelos maiores utilizadores da escola__ a intensificar sem cessar sua utilização da escola e a contribuir, assim, por sua vez, para a superprodução de diplomas, o mais importante é, sem dúvida alguma, o conjunto de estratégias que os portadores de diplomas desvalorizados tem acionado para manter sua posição herdada ou obter de seus diplomas o equivalente real ao que estes garantiam num estado anterior da relação entre os diplomas e os cargos. ...A defasagem entre as aspirações que o sistema de ensino produz e as oportunidades que realmente oferece é, numa fase de inflação de diplomas, um fato estrutural que afeta, em diferentes graus segundo a raridade dos respectivos diplomas e segundo sua origem social, o conjunto dos membros de uma geração escolar. Os récem- chegados ao ensino secundário são levados a esperar, só pelo fato de terem tido acesso ao mesmo, o que este proporcionava no tempo em que eram excluídos desse ensino. Tais aspirações que, num outro tempo e para um outro público, eram perfeitamente realistas, de vez que correspondiam a oportunidades objetivas, são frequentemente desementidas de forma mais ou menos rápida, pelos veredictos do mercado escolar ou do mercado de trabalho".
Pierre Bourdieu- Escritos de Educação
Catani, Afrânio e Nogueira, Maria Alice, Vozes, 1998
As palavras escritas pelo sociólogo são tão verdadeiras. O Ensino Médio público está conseguindo acolher mais alunos que em qualquer outro tempo. As faculdades proliferam. Os diplomas proliferam. E, cada vez que um concurso público é aberto, com vagas para ensino médio e salários nada compatíveis com a formação universitária, inscrevem-se números assustadores de diplomados para concorrer às poucas vagas existentes. E os excluídos tornam-se ainda mais excluídos!

1.9.05

Após pesquisas....Palavras!

Navegando na web, digitei: blog e palavras. Foi interessante verificar a quantidade de blogs dedicados às palavras, exaltando-as, negando-as em favor de sentimentos e ações, poetando com elas, mas, especulando sobre elas.
Recolhi um trecho que achei bastante significativo em http://idana.blog.uol.com.br/ :

Escultura de Palavras
Onde estão as palavras? Parece que se esconderam dentro de casa. Estão guardadas, acobertadas, com medo do frio, mesmo que suem um pouco por baixo da colcha.
Existem palavras de prosa e palavras de poesia. As palavras de poesia estão soltas, se entregam a encontros com melodia. Com melodia, as palavras ficam mais exatas. Às vezes, mais pobres ficam as palavras. São tão poucas as palavras de poesia: ou acertam no alvo ou se perdem na areia.
Há palavras para os outros e palavras nossas. Nem sempre se casam as nossas palavras com aquelas que vão para os outros. Um poema de amor para quem não merece. Uma ironia a quem logo esquece. Querer tocar no outro a corda da emoção, e nunca acertar palavra.
Palavras antes das palavras. Antes de se fazer carne, o verbo era lágrimas? As mesmas palavras em outra voz despertam coisas tão desafins. Cantar, dizer, escrever... Que meios de expressão escolhem as palavras?
A palavra "casa" é um desamparo para quem descasa. E a palavra "amor" perde a leveza na pessoa não amada. Se canta, se chora, se grita, se cala. Palavra sulca a terra dolorida da calma.
Os sentimentos têm palavras ou são apenas etiquetas que lhes pegamos à água? O verbo se fez carne, e a carne se fez lágrimas. Que dor é não saber a próxima palavra, gesto, canto, fala.
Escrever sem ter história pra contar. Escrever como quem bota o dedo na garganta para provocar.
Mulheres que sonham com um homem. Mulheres que vêm em seus olhos movimentos de dança. E mulheres que são só ser amadas e distância. Querer a mãe, e querer ser a própria mãe. Querer acordar sem desejar nada além do desejo realizado de acordar. Querer acordar sem saber os limites entre o próprio corpo e o da pessoa amada. E tecer as palavras com as pontas dos dedos. Escrever com o invisível orvalho da pele na pele do outro. Suar o suor de ter fogo queimando e desacobertando as palavras "bom-dia", "te amo", "vem me amar sem palavras".
Olhar para o céu e assistir os astros no exercício de sua gramática. Prosa poética que preenche tanto quanto falta. E o mundo continua, pessoas que passam enquanto se medita de olhos fechados na beira da água salgada. Ouvir um rumor de papéis de seda de raia, e a voz de quem vê budas de praia.
Esculpir a si mesmo com palavras. Fazer-se do barro, da lama, dos sussuros, dos fonemas mais básicos. Dar-se um corpo, dar-se sentimentos, dar-se pensamentos, dar-se alma.
E quando silenciar não ser por falta de palavras.

Eduardo Loureiro Jr.
E, agora, estou sentindo uma palavra: SAUDADE!