27.12.06

Canção Excêntrica: Cecília Meireles

Para falar de ausência prefiro deixar que Cecília Meireles o faça:


Canção Excêntrica

Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.
Em números me embaraço
e perco sempre a medida.
Se penso encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
protejo-te num abraço
e gero uma despedida.

Se volto sobre o meu passo,
é já distância perdida.
Meu coração, coisa de aço,
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.

Já por exausta e descrida
não me animo a um breve traço:
- saudosa do que não faço,
- do que faço, arrependida.

Cecília Meireles

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá!

Estes versos são da Cecilia Meireles, portuguesa, uma das irmãs Meireles que nos anos 50/60 tanto sucesso conheceram no Brasil?
Desconhecia esta sua faceta de versejadora.
É a eterna procura do equilíbrio e da luta entre o querer e o não querer, a perene insatisfação da alma humana na busca do caminho a trilhar. Muito interessante, mesmo!

Obrigado pela visita ao meu Sino da Aldeia.
BOM ANO NOVO!

Um abraço desde Lisboa.

Anônimo disse...

O poema é muito bonito, mas ao contrário da Cecília, nunca me arrependo do que faço, mas costumo arrepender-me do que deixo de fazer.