Canção Excêntrica
Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.
Em números me embaraço
e perco sempre a medida.
Se penso encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
protejo-te num abraço
e gero uma despedida.
Se volto sobre o meu passo,
é já distância perdida.
Meu coração, coisa de aço,
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.
Já por exausta e descrida
não me animo a um breve traço:
- saudosa do que não faço,
- do que faço, arrependida.
Cecília Meireles
2 comentários:
Olá!
Estes versos são da Cecilia Meireles, portuguesa, uma das irmãs Meireles que nos anos 50/60 tanto sucesso conheceram no Brasil?
Desconhecia esta sua faceta de versejadora.
É a eterna procura do equilíbrio e da luta entre o querer e o não querer, a perene insatisfação da alma humana na busca do caminho a trilhar. Muito interessante, mesmo!
Obrigado pela visita ao meu Sino da Aldeia.
BOM ANO NOVO!
Um abraço desde Lisboa.
O poema é muito bonito, mas ao contrário da Cecília, nunca me arrependo do que faço, mas costumo arrepender-me do que deixo de fazer.
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