Recolhi um trecho que achei bastante significativo em http://idana.blog.uol.com.br/ :
Escultura de Palavras
Onde estão as palavras? Parece que se esconderam dentro de casa. Estão guardadas, acobertadas, com medo do frio, mesmo que suem um pouco por baixo da colcha.
Existem palavras de prosa e palavras de poesia. As palavras de poesia estão soltas, se entregam a encontros com melodia. Com melodia, as palavras ficam mais exatas. Às vezes, mais pobres ficam as palavras. São tão poucas as palavras de poesia: ou acertam no alvo ou se perdem na areia.
Há palavras para os outros e palavras nossas. Nem sempre se casam as nossas palavras com aquelas que vão para os outros. Um poema de amor para quem não merece. Uma ironia a quem logo esquece. Querer tocar no outro a corda da emoção, e nunca acertar palavra.
Palavras antes das palavras. Antes de se fazer carne, o verbo era lágrimas? As mesmas palavras em outra voz despertam coisas tão desafins. Cantar, dizer, escrever... Que meios de expressão escolhem as palavras?
A palavra "casa" é um desamparo para quem descasa. E a palavra "amor" perde a leveza na pessoa não amada. Se canta, se chora, se grita, se cala. Palavra sulca a terra dolorida da calma.
Os sentimentos têm palavras ou são apenas etiquetas que lhes pegamos à água? O verbo se fez carne, e a carne se fez lágrimas. Que dor é não saber a próxima palavra, gesto, canto, fala.
Escrever sem ter história pra contar. Escrever como quem bota o dedo na garganta para provocar.
Mulheres que sonham com um homem. Mulheres que vêm em seus olhos movimentos de dança. E mulheres que são só ser amadas e distância. Querer a mãe, e querer ser a própria mãe. Querer acordar sem desejar nada além do desejo realizado de acordar. Querer acordar sem saber os limites entre o próprio corpo e o da pessoa amada. E tecer as palavras com as pontas dos dedos. Escrever com o invisível orvalho da pele na pele do outro. Suar o suor de ter fogo queimando e desacobertando as palavras "bom-dia", "te amo", "vem me amar sem palavras".
Olhar para o céu e assistir os astros no exercício de sua gramática. Prosa poética que preenche tanto quanto falta. E o mundo continua, pessoas que passam enquanto se medita de olhos fechados na beira da água salgada. Ouvir um rumor de papéis de seda de raia, e a voz de quem vê budas de praia.
Esculpir a si mesmo com palavras. Fazer-se do barro, da lama, dos sussuros, dos fonemas mais básicos. Dar-se um corpo, dar-se sentimentos, dar-se pensamentos, dar-se alma.
E quando silenciar não ser por falta de palavras.
Existem palavras de prosa e palavras de poesia. As palavras de poesia estão soltas, se entregam a encontros com melodia. Com melodia, as palavras ficam mais exatas. Às vezes, mais pobres ficam as palavras. São tão poucas as palavras de poesia: ou acertam no alvo ou se perdem na areia.
Há palavras para os outros e palavras nossas. Nem sempre se casam as nossas palavras com aquelas que vão para os outros. Um poema de amor para quem não merece. Uma ironia a quem logo esquece. Querer tocar no outro a corda da emoção, e nunca acertar palavra.
Palavras antes das palavras. Antes de se fazer carne, o verbo era lágrimas? As mesmas palavras em outra voz despertam coisas tão desafins. Cantar, dizer, escrever... Que meios de expressão escolhem as palavras?
A palavra "casa" é um desamparo para quem descasa. E a palavra "amor" perde a leveza na pessoa não amada. Se canta, se chora, se grita, se cala. Palavra sulca a terra dolorida da calma.
Os sentimentos têm palavras ou são apenas etiquetas que lhes pegamos à água? O verbo se fez carne, e a carne se fez lágrimas. Que dor é não saber a próxima palavra, gesto, canto, fala.
Escrever sem ter história pra contar. Escrever como quem bota o dedo na garganta para provocar.
Mulheres que sonham com um homem. Mulheres que vêm em seus olhos movimentos de dança. E mulheres que são só ser amadas e distância. Querer a mãe, e querer ser a própria mãe. Querer acordar sem desejar nada além do desejo realizado de acordar. Querer acordar sem saber os limites entre o próprio corpo e o da pessoa amada. E tecer as palavras com as pontas dos dedos. Escrever com o invisível orvalho da pele na pele do outro. Suar o suor de ter fogo queimando e desacobertando as palavras "bom-dia", "te amo", "vem me amar sem palavras".
Olhar para o céu e assistir os astros no exercício de sua gramática. Prosa poética que preenche tanto quanto falta. E o mundo continua, pessoas que passam enquanto se medita de olhos fechados na beira da água salgada. Ouvir um rumor de papéis de seda de raia, e a voz de quem vê budas de praia.
Esculpir a si mesmo com palavras. Fazer-se do barro, da lama, dos sussuros, dos fonemas mais básicos. Dar-se um corpo, dar-se sentimentos, dar-se pensamentos, dar-se alma.
E quando silenciar não ser por falta de palavras.
Eduardo Loureiro Jr.
E, agora, estou sentindo uma palavra: SAUDADE!
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