8.10.05

NA INCERTEZA APRENDEMOS

Na vida desejamos ter certezas e vivemos quase sempre na incerteza. Buscamos verdades absolutas e percebemos que tudo muda, é relativo, que tem vários ângulos. É muito difícil constatar nossa ignorância em aspectos fundamentais do nosso viver. Nossas garantias não são definitivas. Na maior parte das vezes temos algumas certezas e muitas incertezas.
A experiência que pode ser adquirida de qualquer situação, leitura, pessoa, dentre outras, pode nos ajudar a ampliar o conhecimento que possuímos, quer seja para confirmar aquilo que já sabemos, quer seja para rejeitar ou mudar o enfoque de determinadas visões de mundo.
Viver é pouco a pouco ir aprendendo a decidir em meio a mil possibilidades, da forma mais tranqüila possível. É escolher, avaliar, renunciar e, ao mesmo tempo, reconhecermos que nunca teremos a certeza absoluta sobre as escolhas feitas, porque não temos a experiência do que aconteceria com as outras opções que deixamos de lado.
Podemos aprender a compreender e a aceitar os caminhos que já vivenciamos, aceitando as escolhas que fizemos, mesmo com a dúvida permanente de termos tomado a decisão acertada, e a incerteza daquilo que deixamos de lado, do que poderíamos ter sido, ter feito, ter tentado.
Viver é buscar permanentemente o sentido que se constrói no dia a dia, nas pequenas decisões. Sentido que vai revelando seu desenho em alguns momentos marcantes ou quando conseguimos enxergar mais do alto, quando obtemos uma perspectiva mais abrangente. Esses momentos fortes ajudam a que tentemos ampliar os significados ocultos do cotidiano, quanto tudo parece tão banal e repetitivo.
Podemos aprender a compreender que ao viver entre a segurança do já conhecido e a insegurança do novo, estamos abrindo sempre novas perspectivas, e que isso implica em ganhos e perdas, em ampliação do nosso repertório e em possível perda de síntese, em dúvidas quanto a que decisões são as melhores.
Aprender a aceitar que viver é uma permanente prática de escolhas, de ganhos, de renúncias, de acertos e de erros, com os quais vamos construindo nosso mosaico, nosso caminho. Aceitar a precariedade de, ao mesmo tempo, descobrir o que é permanente nessa precariedade é um desafio constante para a nossa evolução.
Somos tentados, com freqüência a "mudar", a sair dos nossos trilhos, escolhendo radicalmente o oposto do que fazemos. É difícil avaliar se são alternativas de mudança ou fugas. Há mudanças que nos ajudam a crescer e outras que nos tiram do nosso eixo.
Muitos, diante da confusão e incerteza das escolhas optam por "viver o momento", por "não pensar", por "curtir a vida". Transformam seus dias num agito permanente, em uma movimentação feérica, em busca de gratificações contínuas.
Mas percebe-se, numa análise mais profunda, que não é fruto de escolhas conscientes, mas de uma atitude fundamentalmente desesperada diante da vida. Correm, para não ter que enfrentar-se. Correm, porque intimamente não se aceitam, não se gostam.
Viver significa estar de olhos abertos, aceitar-se, enfrentar decisões contraditórias e ir descobrindo se no todo vamos sentido mais paz e realização. É constatar se, mesmo em situações não ideais, precárias, nos aceitamos melhor, se avançamos na compreensão de nós mesmos e do que nos rodeia e nos sentimos mais confiantes.

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